29 abril, 2008

em relação ao primeiro estádio de evolução histórica da alienação, que se pode caracterizar como uma degradação do "SER" em "TER", o espectáculo consiste numa degradação ulterior do "TER" em "PARECER" (sde,§17)
(...)
o espectáculo consiste na recomposição, no plano da imagem, dos aspectos separados. tudo o que falta à vida acha-se no conjunto das representações independentes que é o espectáculo. é possivel citar, como exemplo, as celebridades, actores ou politicos, incumbidos de representar o conjunto das qualidades humanas e de alegria de viver que está ausente da vida efectiva dos restantes individuos, aprisionados em papeis miseraveis (sde,§60-61)

anselm jappe / guy debord /antigona

10 comentários:

intruso disse...

"aprisionados em papeis miseráveis"
:S

...

take.it.isa disse...

ou

"os políticos incumbidos de representar...a alegria de viver que está ausente da vida efectiva dos restantes..."

e da vida afectiva.


beijo

APC disse...

Sem sombra de dúvida que esse é o princípio do espectáculo: permitir-nos, por uns instantes, entrar dentro daquilo que só temos dentro de nós. Viver uma espécie de carnaval romântico, que lembra máscaras de Viena e as da comédia e tragédia antigas e, de novo, nós.

"O teatro é o primeiro soro que o homem inventou para se proteger da doença da angústia" (Jean Barrault in "Reflexões Sobre o Teatro").

Talvez que o espectáculo se devesse escrever com um "x", na medida em que procura dar-nos aquilo que expectamos.

:-)

isabel mendes ferreira disse...

pois.ser e ter é tão distinto não é?
não é preciso ter para se Ser...mas já é preciso Ser-se para saber que o ter é matéria transitória. produto muitas vezes do espectáculo da aparência.
é-se sendo. mesmo que o ter e o haver se percam na sombra escorregadia do parecer.
disse.

cumprimentos.

Bandida disse...

ser/ter/parecer. parecer ter em ser.

tónicas dominantes no estertor de qualquer morte. assim é estar sem ser o que temos que parecer.

"aprisionados em papeis miseráveis"...


beijo C.

o Reverso disse...

não sou o que tenho, só tenho o que sou. mas isso também posso perdê-lo.

abraço

--- disse...

sei que é tautológico: mas gostava de ver os artistas (visuais) citados.

1.01 disse...

é realmente estranha esta "evolução".
E às vezes os actores mais insuspeitos inauguram as tendências.

Um espaço de ficção que toma as rédeas da "realidade".
Hoje em dia quando olho para as capas de revistas nas montras das tabacarias nunca percebo se estão a falar de personagens de novelas ou de personagens "reais".

Entrámos numa espécie de tempo telenovelomítico?
Vivemos nos mitos, mitos degradados e hiper-simplificados.

[A] disse...

é o tempo onde as emoções e os sentimentos são mercantilizados e as ideologias dão lugar às conveniências...

Ana Paula Sena disse...

Este é um livro que já tinha suscitado o meu interesse e curiosidade.
Confirmo a sua relevância com a leitura destes excertos.
Bem escolhidos.
A questão complexa é a de termos chegado a este ponto onde para se ser é "preciso" parecer ter. Com toda a ênfase no Parecer.
:)