24 novembro, 2007

Debussy não descobriu nada, foi Satie que pensou tudo: tirava as castanhas do lume e Debussy vendia-as ao público recolhendo os lucros. A seguir a Cocteau, Maurice Sachs uma opiniao ainda bastante divulgada: Erike Satie morreu. hélas! morreu demasiado cedo, de miseria, de bebidas pobres... Ele era, isso nao se pode contestar, o mestre dos músicos franceses de hoje. O próprio Debussy lhe deve muito: eram quase da mesma geraçao. Satie, baixo, mal vestido com uma sobrecasaca pobre e suja. vinha a pé de Arcuell, onde morava. encontravam-no muitas vezes nos cafés, bebendo cerveja em grande quantidade, alimentando a cirrose hepática de que viria a morrer. O seu rosto era doce, muito embora Satie pudesse ser terrivel. tinha uma pequena barba que não se percebi se era uma "coleira" ou uma "pera". estava completamente grisalho.
A sua modestia escondia muito de amargura, de miséria horrivel, de medos nervosos, de ódios dissimulados. Era susceptivel de excessos, vingativo, rancoroso e, no entanto nada maldoso, lá no fundo. Os seus jovens amigos chamavam-lhe "meu querido mestre". Tinha a sua corte de discipulos deslumbrados. Orientava-os nos seus trabalhos, mas jamais os poderia ajudar nas suas vidas, ele, pobre músico que tão mal governava a sua.
Satie morreu no hospital S. José, onde o conde de Beaumont lhe arranjou uma cama. Os amigos iam visita-lo. Sabia-se proximo da morte e resignava-se. Maritain levou-lhe um padre, a assistencia da igreja. Satie morreu católico, ao que creio, mais para agradar àqueles que queriam remir a sua alma para o céu do que por crença. A vida nao lhe tilha dado nada de muito doce, nem de muito palpavel. o seu maravilhoso genio ficou na sombra, eclipsado por Debussy. (...) Como Sócrates, Satie tinha um fisico desgracioso, como ele, uma aparencia insignificantes, mas tambem como ele, uma inteligencia grave, um reino interior e esse sentido do divino que existe no fundo em algumas almas. Maurice Sachs (&etc 1993)